Terça 21/1 8º

 Avaliação 8º ano

Leia atentamente o texto abaixo e responda às questões.

Brincadeira

Começou como uma brincadeira.

Telefonou para um conhecido e disse:
– Eu sei de tudo.
Depois de um silêncio, o outro disse:
– Como é que você soube?
– Não interessa. Sei de tudo.
– Me faz um favor. Não espalha.
– Vou pensar.
– Por amor de Deus.
– Está bem. Mas olhe lá, hein?
Descobriu que tinha poder sobre as pessoas.
– Sei de tudo.
– Co- como?
– Sei de tudo.
– Tudo o quê?
– Você sabe.
– Mas é impossível. Como é que você descobriu?
A reação das pessoas variava. Algumas perguntavam em seguida:
– Alguém mais sabe?
Outras se tornavam agressivas:
– Está bem, você sabe. E daí?
– Daí nada. Só queria que você soubesse que eu sei.
– Se você contar para alguém, eu…
– Depende de você.
– De mim, como?
– Se você andar na linha, eu não conto.
– Certo.
Uma vez, parecia ter encontrado um inocente.
– Eu sei de tudo.
– Tudo o quê?
– Você sabe.
– Não sei. O que é que você sabe?
– Não se faz de inocente.
– Mas eu realmente não sei.
– Vem com essa.
– Você não sabe de nada.
– Ah, quer dizer que existe alguma coisa pra saber, mas eu é que não sei o que é?
– Não existe nada.
– Olha que eu vou espalhar…
– Pode espalhar que é mentira.
– Como é que você sabe o que eu vou espalhar?
– Qualquer coisa que você espalhar será mentira.
– Está bem. Vou espalhar.
Mas dali a pouco veio um telefonema.
– Escute. Estive pensando melhor. Não espalha nada sobre nada daquilo.
– Aquilo o quê?
– Você sabe.
Passou a ser temido e respeitado. Volta e meia alguém se aproximava dele e sussurrava:
– Você contou para alguém?
– Ainda não.
– Puxa. Obrigado.
Com o tempo, ganhou uma reputação. Era de confiança. Um dia, foi procurado por um amigo com uma oferta de emprego. O salário era enorme.
– Por que eu? – quis saber.
– A posição é de muita responsabilidade – disse o amigo. – Recomendei você.
– Por quê?
– Pela sua discrição.
Subiu na vida. Dele se dizia que sabia tudo sobre todos, mas nunca abria a boca para falar de ninguém. Além de bem-informado, um gentleman.
Até que recebeu um telefonema. Uma voz misteriosa que disse:
– Sei de tudo.
– Co- como?
– Sei de tudo.
– Tudo o quê?
– Você sabe.
Resolveu desaparecer. Mudou-se de cidade. Os amigos estranharam o seu desaparecimento repentino. Investigaram. O que ele estaria tramando? Finalmente foi descoberto numa praia remota.
Os vizinhos contam que, uma noite, vieram muitos carros e cercaram a casa. Várias pessoas entraram. Ouviram-se gritos. Os vizinhos contam que mais se ouvia era a dele, gritando:
– Era brincadeira! Era brincadeira!
Foi descoberto de manhã, assassinado. O crime nunca foi desvendado. Mas as pessoas que o conheciam não têm dúvidas sobre o motivo.
Sabia demais.

(Luís Fernando Verissimo)

 

1. O que dá início à história?

A) Um homem recebe um telefonema misterioso.

B) Um homem resolve brincar dizendo que 'sabe de tudo'.

C) Um amigo confessa um segredo importante.

D) Uma pessoa descobre uma traição.

2. Qual é o efeito que a frase 'Sei de tudo' causa nas pessoas?

A) Indiferença e tédio.

B) Raiva e desprezo.

C) Curiosidade e medo.

D) Alegria e confiança.

3. No trecho 'Descobriu que tinha poder sobre as pessoas.', o termo 'poder' significa:

A) Domínio emocional e psicológico.

B) Força física.

C) Autoridade política.

 

4. A mudança de comportamento do personagem principal mostra que ele:

A) Tornou-se uma vítima desde o início.

B) Permaneceu sempre o mesmo até o final.

C) Passou de brincalhão a temido.

5. Em 'Vem com essa', a expressão tem sentido de:

A) Desconfiança ou ironia.

B) Concordância.

C) Pedido de ajuda.

6. No contexto do texto, o termo 'gentleman' significa:

A) Homem rude.

B) Homem desonesto.

C) Homem elegante e respeitável.

7. A repetição da frase 'Sei de tudo' ao longo do texto tem a função de:

A) Mostrar indecisão do narrador.

B) Criar humor e tensão na narrativa.

C) Indicar falta de criatividade do autor.

8. No trecho 'Resolveu desaparecer', a locução verbal está no:

A) Presente do indicativo.

B) Pretérito imperfeito do subjuntivo.

C) Pretérito perfeito do indicativo.

 

9. O tema principal do texto é:

A) O perigo das mentiras e da manipulação.

B) O valor da honestidade.

C) A amizade verdadeira.

 

10. Na frase 'Você andou na linha, por isso eu não vou contar o segredo.', a oração sublinhada é:

A) Assindética

B) Sindética conclusiva.

C) Sindética alternativa.

11. No trecho “O crime nunca foi desvendado. Mas as pessoas que o conheciam não têm dúvidas sobre o motivo.”, a conjunção sublinhada indica:

A) Conclusão

B) Oposição de ideias

C) Explicação

 

12. Onde temos o uso correto do pronome cujo?

A) O homem cujo o carro foi roubado, ficou desesperado.

B) O homem ficou desesperado cujo carro dele foi roubado.

C) O homem cujo carro foi roubado ficou desesperado.

13.Qual das frases abaixo apresenta um problema de coerência?

a) João comprou um carro novo. Agora ele pode viajar com mais conforto.

b) Pedro acordou cedo, mas chegou atrasado porque dormiu demais.

c) Maria estuda muito, pois quer passar na prova.

14. A viagem foi ótima, tomamos banho de piscina, fomos no shopping e fizemos um lanche bem gostoso. Ou seja, foi pura diversão.

 O termo "ou seja", serve para indicar uma ideia de:

 (   ) oposição de ideias   (   ) conclusão   (   ) alternância

15.Em qual das frases abaixo temos elipse, evitando a repetição?

A) Eu fui no andar de cima e meus primos no andar de baixo.

B) Na estante tem livros, e na despensa, comida, se precisar.

C) Meus pais trabalham no comércio, mas meus avós trabalham no campo.